terça-feira, 17 de junho de 2008

Monomito


“O monomito (às vezes chamado de ‘Jornada do Herói’) é um conceito de jornada cíclica presente em mito, de acordo com o antropólogo Joseph Campbell”. Ele é dividido em três seções: Partida – o herói almeja sua jornada; Iniciação – as aventuras do herói ao longo do seu caminho; e Retorno – o herói volta para casa.

O Paradigma Disney está constituído por duas esferas de elementos: as classes de actantes e as funções narrativas. Os personagens têm objetivos claramente apresentados e suas ações são motivadas por compromissos de troca. Seguem uma série de etapas. O protagonista é sempre bom; o antagonista, sempre mau. Este é motivado por cobiça e orgulho e só reconhece maneiras destrutivas para acabar com aquele.

Déxter é um especialista em amostras de sangue e trabalha para o Departamento de Polícia de Miami. Na infância, é adotado por um policial que logo percebe sua tendência homicida. Para tentar canalizar sua estranha vontade de dissecar seres vivos, o policial tenta guiá-lo para algo que supõe ser mais construtivo. No que se refere ao protagonista sentir-se deslocado no começo da história, há uma ligação com o que é apresentado pelo Paradigma Disney. Seu pai pode ser o elemento que o fez tomar o rumo da mudança. Déxter torna-se um assassino serial, que mata aqueles que a polícia não consegue prender. Diferente do monomito, o protagonista da série é um homem bom, charmoso, educado, carismático e respeitado, mas só superficialmente. Seu trabalho, na verdade, serve para ocultar sua verdadeira ocupação: a de serial killer. A identidade dupla tem de ser escondida de todos. Isso faz com que ele viva um embate diário entre o bem e o mal. O que sai totalmente do conceito de monomito, no qual o “herói” tem a personalidade determinada e suas ações são quase sempre previsíveis. Se bem que, não se sabe se Déxter pode ser considerado herói. Ele é um personagem complexo cujo código moral e ações são justificáveis para alguns e totalmente imperdoáveis para outros. Sua identidade é confusa, não sendo nem mocinho, nem vilão, apenas protagonista.

Na série Life on Mars, não há vilão. Pelo menos não um que tenta acabar com o mocinho. O agente Sam Tyler está perseguindo um assassino, quando é atingido por um carro e fica inconsciente. Ao acordar, descobre que está no ano 1973 e que agora é um novo agente recentemente transferido para a mesma delegacia em que trabalhava. Sam encontra muita dificuldade para aceitar a nova situação. Ao investigar um assassinato, ele descobre que pode haver uma conexão com os eventos do “presente-futuro”. O protagonista já se vê em uma situação difícil logo no começo da história, encara um “desafio” sem que tenha tomado consentimento disso e não há nada que siga os padrões de monomito. Suas atitudes não podem ser previstas, ele é vítima de uma ação própria sem que qualquer “vilão” tenha premeditado uma algo conta ele. Além de não estar claro se realmente está vivendo nos anos 1973 ou se está em coma e todo o enredo é fruto de sua imaginação. A série focaliza nas diferenças culturais que separam o policial atual do policial dos anos 70, principalmente no que se refere às divergências de abordagem dos suspeitos: enquanto no século XXI, o policial deve preocupar-se com as conseqüências legais de suas ações, seus colegas do passado tinham menos restrições e mais liberdade para agir com os criminosos.

1968 - O Comportamento Daqueles que faziam das Artes um Meio de alcançar a Revolução


Na década de 60, os músicos brasileiros eram mais que artistas da indústria cultural. Eram formadores de opinião, defendiam causas, tinham ideologia, filosofia e censo crítico. E, claro, eram ótimos instrumentistas, compositores, poetas e intérpretes.

Em 1964, o Brasil encontrava-se no olho do furacão. O golpe rompeu a já frágil democracia brasileira. Culturalmente, o país fervilhava. Até 1968, intelectuais e movimentos de esquerda podiam agir tendo pequenos problemas com a censura. A intensa produção vinha das peças de teatro, das músicas de protesto, dos filmes e das artes plásticas. Em todas as áreas, a política fazia-se presente mantendo acesa, principalmente no campo das artes, a chama que levava à polêmica que opunha experimentalismo e inovação, alienação e ousadia.

A partir de 1967, os comportamentos foram extremados. No campo da música, os artistas manifestaram-se contra o autoritarismo e a desigualdade social, porém propondo a internacionalização da cultura e uma nova estética não restrita ao discurso político. Suscitar a cultura de massa era tão importante quanto entender a massa revolucionária.

Caetano Veloso foi uma figura inerente no cenário brasileiro da época. Suas experimentações, instrumentos inusitados e guitarras elétricas entusiasmaram naturalmente a “nova música”. As mentes estavam realmente piradas, não há dúvida. Surgia vontade de misturar tudo, de mesclar isso com aquilo, de devorar das mais diversas influências. As idéias de Oswald de Andrade estavam mais atuantes do que nunca. Antropofagia era a palavra da vez, a atitude da vez. Os nomes haviam sido substituídos. Ao invés de Oswald, Mário de Andrade ou Patrícia Rehder Galvão (Pagu); tinha-se Gilberto Gil, Torquato Neto, Gal Costa, Tom Zé, Caetano, Chico. Tudo era novo. Nada de violãozinho na mão brincando de João Gilberto e cantorias simples, nada de Bossa Nova, nada de Jovem Guarda. Ou melhor, um pouco de cada coisa, tudo misturado num acorde só. Com tudo isso, muitos se chocaram acostumados com o que era produzido no Brasil até então. Alguns dos jovens, que associavam o Rock and Roll ao imperialismo, não aceitaram sua introdução na Música Popular Brasileira.Manter um nível intelectual dentro de uma sociedade como a brasileira terminava por tornar-se elitista. Foram poucos os que conseguiram romper essa barreira e se tornar “cabeça” e popular ao mesmo tempo. Caetano estava um passo a frente. É dele que partem as sugestões, as loucuras que viriam a se caracterizar posteriormente nas mãos e vozes dos mais diversos artistas.

“Sobre a cabeça os aviões/ Sob os meus pés os caminhões/ Aponta contra os chapadões/ Meu nariz/ Eu organizo o movimento/ Eu oriento o carnaval/ Eu inauguro o monumento/ No planalto central do país...”. Essa música chamada Tropicália não poderia começar de outra maneira, afinal, no jogo de referências a que se propõe, o ponto de partida só poderia ser este. É importante dizer que essa canção, assim como Alegria, Alegria possui uma nostalgia inerente a ela e maior do que se pode enxergar em um primeiro momento. Trata-se de uma nostalgia que atinge perfeitamente até os que não viveram a época em que tais músicas foram lançadas. Elas, em especial, parecem conseguir recriar ou explicar um pouco do que acontecia no ano de 1968. E todo o clima. Elas não possuem todo o teor político e dramático de Geraldo Vandré, ainda que possuam seu próprio tom quanto posição política. Há uma leveza através de imagens e idéias lançadas, uma atrás da outra.

No teatro, os textos das peças eram um pretexto e apenas um elemento entre tantos outros mobilizados com a finalidade de desconcertar e incomodar, com o limite da violência, o público. “Você já matou seu Comunista hoje?” interrogavam os atores de Roda Viva dirigindo-se a qualquer um nas cadeiras. Havia excesso de deboche e ápices de violência.

Muitos desses intelectuais, exemplos de coragem e ousadia, foram exilados e só retornaram ao Brasil na década de 70 e 80. Mas não perderam o senso crítico e o espírito de atrevimento. Com exceção de Geraldo Vandré que, depois de ter sido preso e supostamente torturado na prisão – apesar de negar que tenha sido –, não gosta de falar no assunto de modo que prefere esquecer todo aquele ano.

Muito mais que fazer música, eles queriam mudar o mundo. Diferente de hoje. Infelizmente, toda essa ousadia tornou-se uma total falta de vergonha e respeito. É hipocrisia generalizar, mas é deprimente pensar que a música deixou de ser um canal para se fazer política ou uma das formas de buscar a revolução. Ela continua sendo um dos meios de exprimir a liberdade de expressão, mas chegou ao ápice da forma mais chula e baixa que se pode pensar.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

1968 - O Ano que não Terminou


1968 foi um ano marcado pela busca de novos caminhos, envolvido por uma atmosfera de paixão e impulsividade que fazem do livro 1968 – O Ano que não Terminou um livro atraente pela precisão e fidelidade dos fatos relatados. Oferece um panorama histórico e cultural extenso.

O Brasil e o mundo viveram momentos recheados de tanta paixão que para alguém que não viveu ou não participou efetivamente de toda a agitação da época a história chega ser fascinante. Um ano nomeado também de “êxtase da história”, “demência coletiva” e “psicodelismo coletivo” não pode ser suprimido como um fenômeno de delírio. O melhor de sua herança está no ardor, no entusiasmo com que os estudantes e intelectuais foram à luta, apesar de seus gestos serem, muitas vezes – a maior parte delas – desesperados ou autoritários.

A impressão que se tem é que estavam dispostos a entregarem suas vidas por seus ideais. Nenhuma geração lutou tão radicalmente por seus projetos e sonhos. Ela experimentou o limite em todas as áreas: política, sexual, comportamental, existencial etc. Foram pessoas que mereceram ser chamados de heróis. Heróis que lutaram; que sonharam; que brigaram; que bateram, apanharam, morreram. Uma juventude que se confiava política. Uma geração que não perdoou os pais por não terem evitado o golpe de 64. Do ponto de vista político, a geração de 68, queria mudar o mundo. E achava que podia mudar. Tudo através da revolução. Ironicamente foi que eles fizeram uma revolução cultural, e não política. Mudaram os costumes, os hábitos a maneira de pensar, de agir, de ser, de ver o mundo.

O ano de 68 terminou num clima tenso e carregado. Nunca mais aconteceria reivindicações dos estudantes como aquelas. A intenção destes de fazer uma revolução política fracassou, mas se 68 não serviu como exemplo, serviu pelo menos como lição.

Stephen Glass


Stephen Glass era inteligente. Desde o início, se mostrava atencioso, sempre tentando agradar a todos. Fazia de tudo para causar boa impressão em seus colegas de trabalho. Falante e convicto, conseguia ser o destaque das reuniões de pauta da revista The New Republic. Um dos mais promissores talentos a surgir na profissão nos EUA. Dotado de uma argumentação entusiástica, transformava suas idéias em reportagens da revista.

O esplendor do repórter começou a decair quando, em uma das reuniões, se propôs a fazer uma reportagem sobre a vida de um hacker de 13 anos de idade. Aprovada a idéia, a reportagem, com o título O Paraíso dos Hackers, contava a história de um adolescente prodígio capaz de invadir o sistema de informações de uma grande empresa de software.

Cobrado pelo chefe por não cobrir o assunto, Adam Penenberg, repórter da Forbes Digital, passou a investigar a história por conta própria. Para sua surpresa, descobriu que a matéria não passava de uma invenção de Glass.

Depois de checar as informações, o repórter da Forbes ficou sabendo que ele, pormenorizadamente, havia inventado não só o adolescente, mas também o encontro nacional de hackers e a própria empresa de softwares. Em outras palavras, grande parte das reportagens que escrevia só existia na cabeça dele. Glass inventou personagens, distorceu e romantizou situações, aumentou os fatos, tudo em nome de uma boa história para publicar.

Stephen Glass tinha uma personalidade e um charme juvenis. Carismático, simpático e, sobretudo, engraçado, ele conquistava os colegas de redação com as pautas sempre espirituosas, curiosas, excêntricas e instigantes. Em certa medida, pode-se fazer uma alusão ao seu tipo de personalidade. Ele sofria de pseudolalia, que se trata do vício compulsivo de mentir. Em entrevista à Associated Press, Glass revelou: “ Eu me detestava. Não me achava bom como jornalista, como filho, como irmão, como amigo, como namorado. Acho que enganei as pessoas para elas pensarem boas coisas de mim.” O labirinto complexo onde ele se meteu é mostrado no filme quando, mesmo depois dos primeiros indícios de fraude, tenta sustentar a existência de todas as pessoas e situações narradas em suas matérias “ Para cada mentira que eu contava, era necessária outra para sustentá-la. Assim, era uma sobre a outra”, disse ele. Para tentar despistar as checagens dos fatos, o repórter ficcionista forjava as próprias anotações, inventava telefones, site da empresa etc. Sem querer cometer a audácia de ignorar a responsabilidade do jornalista, Glass era esperto e um ótimo redator. Não foi por acaso que, aos 26 anos, já havia escrito para as revistas George, Harper's e Rolling Stones. E chegou ao cargo de editor-associado dessa conceituada revista de política e atualidades, The New Republic, a única a circular dentro do Air Force One – o avião oficial do presidente dos EUA.

Ele escreveu “o certo” no lugar errado, o que o fez irresponsável e levou ao seu desmascaramento total. Mas não seriam também culpados aqueles responsáveis por revisar e checar todas as informações e referências citadas nas reportagens? Uma investigação mais aprofundada mostrou que dos 41 textos publicados, 27 foram total ou parcialmente inventados por ele. A revista não deve examinar os dados e referências das reportagens antes de publicá-las?

O filme teve o objetivo de fazer uma denúncia tão trivial como assustadora: a facilidade com que jornalistas podem mentir e enganar, transformando histórias ficcionais em narrativas verdadeiras com a mais inexorável naturalidade. E o pior: tudo o que é escrito, ou falado, ou relatado pelos meios de comunicação de massa é tido como verdadeiro. Mas nem mesmo o mais sólido e sério veículo de comunicação é dono da verdade absoluta.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Folha de São Paulo X IURD



"Quão infortunado é o homem que faz do ouro seu deus. Quão míope é o olho que vê somente o reino material. Quão miseravelmente cai aquele que busca primeiramente o reino de riquezas materiais”. Esta afirmação de Irvin Himmel pode ser relacionada com um acontecimento recente. Em dezembro, a Folha de São Paulo publicou uma reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Surgiram então, ações judiciais movidas por integrantes da Igreja Universal que se diziam ofendidos pela reportagem. E, embora todas as ações sejam individuais, os textos e argumentos apresentados são idênticos, situações que se repetiam numa lengalenga, deixando claro uma espécie de ação ensaiada.

A liberdade religiosa é um direito oferecido pela constituição, mas a razão aparente de exercê-lo torna os que comandam essa facção religiosa uns hipócritas. Eles mal disfarçam o silogismo comercial que move tais ações. Tentam impedir que a sociedade saiba mais sobre os fatos. O líder dessa igreja não passa de um empresário bem sucedido que quer ganhar dinheiro rápido e fácil. Não é um “pastor evangélico caluniado pelos inimigos da sua igreja”, como se apresenta. Essas ações são movidas mais pelo interesse financeiro de seu líder do que pela motivação dos fiéis que se dizem ofendidos.

É evidente que há um comando de não centralizar as ações judiciais, pois seus autores estão espalhados por quase 20 estados da Federação e alvitraram esses feitos em municípios distantes, numa demonstração que a ação tem por objetivo dificultar a defesa da parte contrária.
Mover as ações em grande número é uma estratégia que patenteia o verdadeiro escopo de causar transtornos aos jornais e jornalistas, que se vêem obrigados a comparecerem em dezenas de cidades e a prolificar, conseqüentemente, os custos de sua defesa. Com isso, os autores das ações e seus mentores pretendem induzir jornais e jornalistas a silenciarem informações a respeito da Universal. Como os processos são abertos em cidades distantes umas das outras e, muitas vezes, com audiência no mesmo dia, o trabalho de defesa torna-se muito difícil e a presença do jornalista intimado, impossível. É uma iniciativa tosca e grosseira que afronta o Poder Judiciário, já que pretende usá-lo com interesses não declarados. A IURD, ou, pelo menos sua liderança, é movida pelo interesse econômico devido às praticas e posturas adotadas.

Tudo que a igreja faz tem que ser para a glória de Deus. Está em 1 Coríntios 10:31. Mas seus líderes parecem não saber disso. Essa igreja é envolvida em atividades de toda natureza. Participa do mercado comercial. Abre e mantêm empresas em diversos setores. Emprega seus recursos para obter e manter poder político. A lista de empreendimentos em nome de religião se tornou quase infinita.

Quando se trata do uso dos recursos da igreja, o padrão bíblico é simples. As primeiras referências ao dinheiro nas igrejas do Novo Testamento se encontram em contextos de necessidade material. Mas o trabalho principal da igreja é espiritual. Deus mandou que as igrejas fossem ativas na esfera espiritual – pregando a palavra aos perdidos, edificando os santos e se reunindo para adorar o Criador e Redentor (1 Tessalonicenses 1:8; 1 Timóteo 3:15; 1 Coríntios 11:33-34; 5:4). Mas que moral ela tem de pregar a palavra para denunciar o pecado se nas atitudes da liderança contém todo o lixo do inferno? Que moral ela tem de mover ações – ilógicas – usando o pretexto de “possíveis danos causados pela mídia” se ela nem respeita aqueles que diz serem seus irmãos? O que adianta expulsar demônios nos cultos e o diabo reinar dentro de sua emissora? Os líderes estão brincando com coisa séria. Como é que uma igreja investe milhões numa emissora em nome da conquista de audiência? Todo tipo de imoralidade bancada com dinheiro de oferta e dízimo? Investir mais de 300 milhões por ano pra ganhar audiência com tudo que é indecência, pornografia, homosexualismo, prostituição, com dinheiro de igreja? Ela está perdendo o foco, aliás ele já foi perdido a muito tempo.

É incontestável que o líder dessa igreja age por vontade humana, e não divina. Um recado ao líder desse império: Lúcifer, satanás, caiu por três motivos (esequiel 28:11-17): primeiro, soberba; segundo, na multiplicação do seu comércio; e terceiro, tinha poder. A mesma história está se repetindo, a igreja está perdendo o foco daquilo que Deus a levantou que foi para pregar o evangelho. Ela não está ai pra ter guerra e disputa de interesses, a igreja está aí pra combater o diabo, o pecado, denunciar a podridão da sociedade. É triste, é uma falta de ética, travar esse tipo de conflito só por que tem poder econômico. É lamentável. Não estou falando contra a igreja, existem pessoas de Deus lá, mas sim contra a liderança desta. Na bíblia diz: "É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito; não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo" (1 Timóteo 3:1-7). A comunidade evangélica não pode ser jogada numa guerra no qual os interesses não estão ligados com o propósito de Deus pra ela.

É triste ver o dinheiro da igreja, dos dízimos e ofertas a serviço do diabo e do pecado numa guerra ilógica só porque alguém tem certo monopólio financeiro. É uma imundice!Não há vantagem para esses evangélicos moverem tais ações. Elas estão disfarçadas pelo cinismo de tentar buscar reparação de seus direitos. O direito deve continuar a ser inalienável a uma pessoa, instituição ou empresa por possíveis danos causados pela mídia. Mas são necessários mecanismos para impedir a eventual atitude de má-fé contra jornalistas e empresas de comunicação.

Golpe do Baú


A prima foi à loja e pediu um sapato:

- Coisa moderna, daqueles de perder de vista.

A moça, com ar técnico, sugeriu:

- Para a senhorita, se me permite, seria melhor um mais modesto, tipo Sabrina, ou Anabela.

A baixinha, que era interesseira e exagerada, repeliu o conselho e disse com tom altivo:

- Não serve! Quero um de 7 centímetros para lá, tem que ser grande, espalhafatoso. Um negócio de arrasar corações na primeira passada.

A moça arranjou para Mirela uma plataforma de 12 centímetros. Ficou tão desproporcional que, se ela tivesse pendurado uma melancia no pescoço, chamaria menos atenção. O vestido longo para escondê-lo deixou-a parecendo uma salsicha desengonçada.

E assim, alta, moderna e desajeitada, transitou sua belezura para Campos Altos onde devia cativar os interesses de um moço muito bem aprumado. Apanhado de rosto e de dinheiro. Só em moeda corrente do país sua formosura passava na frente dos cinco milhões. Estava tudo ajeitadinho por uma prima dela, Alzira, que participava nos entendimentos dos dez por cento. E no sacudido do trem, que levava Mirela para sua mina de Campos Altos, ela pôs-se a olhar mais uma vez e exclamou elogios de louvor às belezuras:

- Nossa! Não vai ter para ninguém. Alta assim, não vou nem caber em Campos Altos, vão pedir outra cidade de reforço!

Chegou, ficou um par de dias na casa do primo. Sempre tomando cuidado para ninguém perceber o disfarce. Só tirou o trambolho na hora de dormir. Valsou com ele na sala de visitas, pisou luar na pracinha em sua companhia. Flertou, riu, atirou charme. E voltou no trem das sete. De dentes acesos matutava:

- Quinhentos mil para prima Alzira! Esperta!
Foi quando recebeu o telegrama da bendita:
“Prima, o casamento desceu pelo barranco. O primo apreciou sua educação, seu pé de valsa, mas achou alta demais. O primo é doido por uma baixinha”.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ética e Responsabilidade Jornalísticas


Parte da imagem que um profissional constrói em seu trabalho vem do esforço para ir além de suas obrigações. Indivíduos assim reconhecem problemas antes que eles apareçam e enxergam soluções onde a maioria só vê dificuldade. As pessoas usam diferentes critérios para julgar o caráter ético de suas ações. E muitas não se sujeitam a responder por certos atos e sofrer as conseqüências. Quando se trata de ética e responsabilidade jornalísticas, as coisas podem ficar confusas, pois há explicações em demasia para entender esses dois conceitos.

Em suas relações cotidianas, os jornalistas estão sempre diante de questões do tipo: é válido mentir por um bem maior? Subornar ou manipular para não perder a matéria? São questões cujas respostas e soluções, via regra, não envolvem apenas o profissional, mas outras pessoas, que irão sofrer as conseqüências de suas ações e decisões. Por isso existem princípios éticos. Eles indicam limites, coordenam e harmonizam a convivência entre os homens. Hoje, são mais que necessários, são indispensáveis.

O jornalismo oscila entre a imagem de porta-voz da opinião pública e a de empresa comercial. Todavia recorre a qualquer meio para chamar a atenção e multiplicar suas vendas, sobretudo com a intromissão em vidas privadas e a dimensão exagerada concedida a notícias. O jornalista tem privilégios e isso requer responsabilidades específicas. Privilégio como o de saber mais sobre um determinado acontecimento do que a sociedade. Seu principal objetivo deve ser informar. E com responsabilidade. Informar de maneira objetiva, verdadeira e imparcial tendo em vista o interesse público.

Ir além das obrigações seria refletir sobre a matéria a ser divulgada e qual o impacto que ela irá causar na sociedade. A avaliação do que vai ser prejudicial é ampla. É preciso reconhecer que a moral “sim” ou “não” nem sempre é absoluta. Esse é o dever do jornalista. É ter em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos das profissões, mas são comuns a todas as atividades que uma pessoa pode exercer. Não ficar restrito apenas às tarefas que foram dadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho; prever mudanças de cenários e ajustar positivamente os planos considerando várias etapas à frente deveriam ser atitudes comuns a todos os profissionais da área.

Liderar pessoas, resolver problemas antes que eles apareçam. O pró-ativo prepara, planeja e prospera. Pró-atividade amplia a visão. O jornalista deve possuir pelo menos três características na formação de seu caráter: integridade, fidelidade e honestidade. Integridade tem a ver com o que ele faz quando está fora das vistas de outras pessoas; ser transparente. Fidelidade envolve lealdade à sua liderança. E honestidade, com a consistência e coerência entre sua palavra e suas ações.

Subornar, mentir, esconder, chantagear são atitudes reprováveis. Atualmente, é difícil para o jornalista obter e comprovar informações sem ferir os princípios éticos. Difícil, não impossível. Não deixa de ser uma oportunidade de ele se destacar e diferenciar-se como profissional. Ser honesto e verdadeiro. Agir com responsabilidade e consciência. Quando perceber um problema, já visualizar a solução e identificar oportunidades. Possuir espírito crítico e questionador. Além disso, que moral tem um jornalista que mente e suborna para denunciar subornos e mentiras?

Há uma tênue linha entre liberdade e responsabilidade de imprensa. É hora dos jornalistas saberem que as pessoas têm se tornado cada vez mais críticas e menos manipuláveis. Fazer de tudo para conseguir uma matéria não está mais entre as melhores opções. É hora de pensar que o tempo muda, as coisas evoluem e a responsabilidade aumenta.