sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ética e Responsabilidade Jornalísticas


Parte da imagem que um profissional constrói em seu trabalho vem do esforço para ir além de suas obrigações. Indivíduos assim reconhecem problemas antes que eles apareçam e enxergam soluções onde a maioria só vê dificuldade. As pessoas usam diferentes critérios para julgar o caráter ético de suas ações. E muitas não se sujeitam a responder por certos atos e sofrer as conseqüências. Quando se trata de ética e responsabilidade jornalísticas, as coisas podem ficar confusas, pois há explicações em demasia para entender esses dois conceitos.

Em suas relações cotidianas, os jornalistas estão sempre diante de questões do tipo: é válido mentir por um bem maior? Subornar ou manipular para não perder a matéria? São questões cujas respostas e soluções, via regra, não envolvem apenas o profissional, mas outras pessoas, que irão sofrer as conseqüências de suas ações e decisões. Por isso existem princípios éticos. Eles indicam limites, coordenam e harmonizam a convivência entre os homens. Hoje, são mais que necessários, são indispensáveis.

O jornalismo oscila entre a imagem de porta-voz da opinião pública e a de empresa comercial. Todavia recorre a qualquer meio para chamar a atenção e multiplicar suas vendas, sobretudo com a intromissão em vidas privadas e a dimensão exagerada concedida a notícias. O jornalista tem privilégios e isso requer responsabilidades específicas. Privilégio como o de saber mais sobre um determinado acontecimento do que a sociedade. Seu principal objetivo deve ser informar. E com responsabilidade. Informar de maneira objetiva, verdadeira e imparcial tendo em vista o interesse público.

Ir além das obrigações seria refletir sobre a matéria a ser divulgada e qual o impacto que ela irá causar na sociedade. A avaliação do que vai ser prejudicial é ampla. É preciso reconhecer que a moral “sim” ou “não” nem sempre é absoluta. Esse é o dever do jornalista. É ter em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos das profissões, mas são comuns a todas as atividades que uma pessoa pode exercer. Não ficar restrito apenas às tarefas que foram dadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho; prever mudanças de cenários e ajustar positivamente os planos considerando várias etapas à frente deveriam ser atitudes comuns a todos os profissionais da área.

Liderar pessoas, resolver problemas antes que eles apareçam. O pró-ativo prepara, planeja e prospera. Pró-atividade amplia a visão. O jornalista deve possuir pelo menos três características na formação de seu caráter: integridade, fidelidade e honestidade. Integridade tem a ver com o que ele faz quando está fora das vistas de outras pessoas; ser transparente. Fidelidade envolve lealdade à sua liderança. E honestidade, com a consistência e coerência entre sua palavra e suas ações.

Subornar, mentir, esconder, chantagear são atitudes reprováveis. Atualmente, é difícil para o jornalista obter e comprovar informações sem ferir os princípios éticos. Difícil, não impossível. Não deixa de ser uma oportunidade de ele se destacar e diferenciar-se como profissional. Ser honesto e verdadeiro. Agir com responsabilidade e consciência. Quando perceber um problema, já visualizar a solução e identificar oportunidades. Possuir espírito crítico e questionador. Além disso, que moral tem um jornalista que mente e suborna para denunciar subornos e mentiras?

Há uma tênue linha entre liberdade e responsabilidade de imprensa. É hora dos jornalistas saberem que as pessoas têm se tornado cada vez mais críticas e menos manipuláveis. Fazer de tudo para conseguir uma matéria não está mais entre as melhores opções. É hora de pensar que o tempo muda, as coisas evoluem e a responsabilidade aumenta.

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